ESCREVER SEM PENSAR NO QUÊ





Procuro respostas inacabadas a questionamentos internos que se amontoam em meio a um turbilhão infinito de emoções constantes, cortantes e apaixonantes.



sexta-feira, 31 de julho de 2009

Travessia


”Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos"
Fernando Pessoa


Convenço-me da grandiosidade do tempo, da magia desses deslocamentos transformadores capazes de nos levar adiante sem que haja qualquer tipo de esforço programado.

Mudar é fixar-se em movimentos agitados e inquietos. É a ânsia de quem busca o alcançar lá na frente, ao contrário dos que resistem se acomodar por entre rotinas calcificadas em solos enganosos. E perdem-se. Cegam-se. Morrem.

O ontem foi. O hoje é. O amanhã será. Prefiro um é que está sendo a um pode ser quando for. Quando? Evito esconder o atual em casacos visando protegê-lo do frio ou paralizá-lo evitando quedas ou desastres advindos do medo inseguro de quem não sabe caminhar.

Eu quero é me molhar nessa chuva que não cansa de trazer transparência e cristaliza meus dias. Eu quero é gastar sapato e seguir na direção que responde aos comandos de quem não pensa, prefere o sentir.

O suor escorre na face e colore um sorriso que hoje vive aquele sonho de ontem, transforma-se real a cada segundo num ventre abatido enraizando uma magia incontrolável, porém, absolutamente palpável e, aos poucos, consolida-se num formato nada convencional, mas muito conhecido dos que almejam um amadurecimento em campo terrestre.

O resto?

Ah, o resto não importa...

Um comentário:

Ginurse disse...

Viver o presente não é fácil, porém viver o passado ou o futuro sempre gera sofrimentos, seja por lembrarmos de algo que não gostamos ou por cobiçar algo e ele não acontecer. Viver é uma arte e aprender a estar no presente é o maior desafio, mas quando aprendemos todo sofrimento some.
Beijos presentes